Com a suavidade de uma brisa, o tempo passou. A única coisa que sugeria o seu passar era o lento crescimento dos cabelos de quem vivia — nem mesmo o aparecimento e queda de flores e folhas servia para marcar qualquer coisa. Em um país tropical, sempre há um tipo de flor nascendo e outro morrendo.
Mas o tempo passou. As pessoas não notaram, ainda assim o tempo passou. Com aquela lentidão que apenas unhas e cabelos percebiam, pois insistiam em crescer. As pessoas, do contrário, mantiveram-se estagnadas. Ou melhor, talvez ela é que se mantivesse estagnada. Seu cabelo crescia, único indício de que já havia passado um ano... Dois anos... Três...
...
... Seis anos. Mesmo assim, parecia ter acontecido ontem. O tempo pareceu estático para ela, mas na realidade ele correu com a brutalidade de um estouro de bala no revólver. Ele fugiu, ele escorreu impiedosamente entre os dedos de quem tentou conter seu avanço.
Existe um local onde o tempo mais passou. Um lugar que quem visse como realmente é não conseguiria mais negar o passar dos dias, mas ninguém vivo consegue acessar este espaço.
Aquele lugar para onde nenhum ser vivo olha. Aquele lugar onde, na verdade, o tempo deixou de correr, aqueles lugares que ocupam o mundo todo e que são universos paralelos onde tudo se congelou. Entre fotos apagadas, nomes ainda não esquecidos, todos sob o mesmo céu estrelado, com buquês de flores falsas deixadas às centenas.
Dentro dos túmulos há apenas ossos, peles enrugadas carcomidas por vermes, unhas e cabelos anormalmente compridos.
Nossa! Bom demais, Alice